domingo, 24 de julho de 2011

Entre Memórias e Histórias- Reflexões

2ª Pílula

O Ensinar arte parte do desenvolvimento da sensibilidade, da compreensão do momento histórico em que esta foi construída, da criticidade e para isso ocorrer é preciso que o conhecimento de Arte, segundo o DBAE que valoriza o conjunto de elementos que vão desde a produção artística, as circunstâncias socioculturais à análise da mesma.
Ana Mae Barbosa fez uma “interpretação” da teoria DBAE, a partir de sua visão de Brasil. Onde “antropofagia” consome o DBAE e constrói a Proposta Triangular que trabalha em três ‘eixos’: o fazer artístico, a leitura da obra de arte e o contexto histórico. Essa adaptação foi necessária, pois nosso país necessitava reabilitar-se em arte educação, num momento novo que vivia historicamente.

No Brasil, somos facilmente ludibriados, daí a necessidade de Ana Mae realizar a Proposta Triangular. “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.

O DBAE (Disciplined Based Art Education) é baseado nas disciplinas: estética-história-crítica e numa ação, o fazer artístico. Foi o mais evasivo dos sistemas contemporâneos de arte/educação e vem influenciando toda a Ásia.
No Brasil, segundo Ana Mae, a ideia de Antropofagia cultural nos fez analisar vários sistemas e ressistematizar o nosso, que é baseado não em disciplinas, mas em ações; fazer-ler-contextualizar. Portanto, a Proposta Triangular e o DBAE são interpretações diferentes no máximo paralelas do pós-modernismo na arte/educação.
A Proposta Triangular é a manifestação pós-moderna brasileira, respondendo às nossas necessidades principalmente a de ler o mundo criticamente, pois a educação está em todos os lugares e na escola deve ir além dos muros.
Como em todas as propostas, há distorções ou interpretações equivocadas: gerando e degenerando, dependendo também do método ou linha, escolhida. Por isso não devemos toma-la como receita pronta e acabada, seria enfiar os pés pelas mãos e fugir totalmente do foco, neste caso o objetivo da Proposta Triangular. E mesmo quando atuamos com a melhor das intenções devemos trabalhar interdisciplinarmente, pois isso nos ajuda a evitar pequenas distorções através da participação e troca com o outro. Para isso se faz necessário também estarmos em constante atualização, com formações continuadas e através da multiplicação de saberes e experiências.

”O ponto fraco da educação está nos seus agentes, pois, com consciência ou não, reproduzem ideologias que atendem a grupos isolados da sociedade”. BRANDÃO, Carlos R, 1995.

Desde os tempos mais remotos os “quatro cantos do mundo” procuram ter a educação que atenda seus princípios e seus interesses, mas isto não quer dizer que a cultura é estática e nem que os interesses atendidos são os ideais, por isso a pesquisa ação deve ser constante priorizando a inclusão observando que a sociedade tem identidade própria, (na maioria das vezes) e os atores precisam participar principalmente na apropriação e na interação dos resultados.

No Brasil, apesar dos equívocos em relação a políticas educacionais, ao longo da história, pesquisadores, artistas, professores e diretores de escolas públicas, privadas e organizações não governamentais insistem em mediar projetos inclusivos e socialmente eficientes que mais tarde vão sendo reconhecidos e fortalecem de alguma maneira, as reformas educacionais, para que os órgãos responsáveis se sintam na obrigação de rever suas políticas. Ainda estamos muito distante de uma educação justa, pois há muita especulação e exploração, e na arte não é diferente. Este foi um ponto muito satisfatório bem enfatizado por Ana Mae.

Também considero positivo o enfoque dado por parte de Ana Mae ao fato de crianças e adolescentes ter acesso aos ateliês do MAC, do Centro Cultural de São Paulo e pela Pinacoteca/SP, o os aproxima do “mundo das artes”.

Já de negativo, entre outras questões a de algumas instituições de arte permanecer preparando monitores e roteiros para receber e direcionar o olhar dos visitantes, podando e subestimando o potencial de cada um em realizar sua leitura, construir significados e desenvolver a criticidade.

Hoje a sociedade capitalista sobrevive do marketing o que a torna bastante sensível em relação à nova onda escravocrata que se desenvolve a luz do consumismo. Há o perigo da camuflagem onde terceiros se apropriam do trabalho de artistas que não conseguiram sair do anonimato e também a falta de reconhecimento de talentos artísticos por não atender padrões ditados por uma minoria.

Uma das questões negativas no Brasil, que já é de praxe ocorreu na construção dos PCNs, importando máquina humana e menosprezando os potenciais brasileiros.

Positivo mesmo foi e tem sido o incansável trabalho de Ana Mae, principalmente a partir de 1989, quando no MAC-USP, organizou o simpósio sobre o ensino de arte e sua história, várias gramáticas e múltiplos sistemas de interpretação que vale a pena as crianças aprenderem, onde é enfatizado o conteúdo da arte e principalmente a luta pela inclusão da arte no currículo.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Plano de aula com relato

PLANO DE AULA

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Instituto Estadual Nossa Senhora do Carmo

DOCENTE: Eliana Teresinha de Vargas Martins

TURMA: 6ª SÉRIE (62) sala 09

TEMA:

Pop Arte como proposta de situação de aprendizagem no contexto contemporâneo

JUSTIFICATIVA:

Tendo em vista as características da turma (diversidade, conflito e agitação) observadas, e a partir das contribuições que este curso vem proporcionando, pensei em trabalhar a Pop Arte, pois para uma turma de 7º ano (6ª série) do Instituto Estadual Nossa Senhora do Carmo, com idade entre 11 e 15 anos com 39 alunos, terei como objetivos aproximá-los da arte; motivá-los e construir conhecimento. Eles precisam saber que eles podem!

OBJETIVOS:

Apresentar algumas obras da artista Andy Warhol ( EUA), Wesley Duke Lee (Br).

Apreciação e leitura das imagens para a formação do conhecimento;

Aproximar a arte contemporânea dos alunos através dos vídeos disponíveis em: http://www.youtube.com/watch?v=CjRvDLJtAKQ&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=qcZseTObbFU

Proporcionar experiências significativas em arte a partir da sensibilidade e da contextualização;

Despertar a criatividade demonstrada a partir de releituras, valorizando-as;

Incentivar os alunos a desenhar, pintar e colar utilizando materiais alternativos (reaproveitamento de diversos tipos de materiais).

Desenvolver o conceito de composição e da importância da divulgação dos trabalhos.

DESENVOLVIMENTO:

1ª aula de 50’: Apresentar aos alunos as obras dos artistas Andy Warhol e Wesley Duke Lee, conversar um pouco sobre o seu processo criativo, sobre os materiais que utilizavam e o significado que atribuíam a arte pop como bem como o período de 1964, no Brasil, período da Ditadura Militar, possibilitando ao aluno o envolvimento na arte participativa ao convidar o “observador” a “brincar”, produzir, manipulando, dialogando e descobrindo possibilidades de linguagens, signos e formas, para os trabalhos. Explicar a origem inglesa da Pop Art, e que muitos outros artistas fizeram parte deste movimento.

2ª aula de 110’: Apresentação do vídeo documentário e debate sobre o contexto da Pop Art; Discussão sobre a produção da próxima aula e material necessário.

3ª aula 110’Com material reciclado e reciclável com todos os tipos de papéis, botões, lã, algodão, revistas, jornais, grãos, fitas, plásticos, solicitados previamente, organizados em grupos para que possam discutir possibilidades. Distribuir papel pardo de boa qualidade, no tamanho desejado pelos alunos para a produção.

Após a conclusão dos trabalhos faremos um seminário onde falaremos um pouco do seu processo criativo e se os objetivos foram alcançados.

Fotografaremos os resultados e com a autorização das imagens publicaremos a s fotos no blog dos agentes jovens da escola para a confecção de um livro das obras produzidas que serão expostos na feira do livro da escola. (Trabalhos posteriores construídos serão aceitos após combinação com o professor titular para a conclusão do livro, servindo também como valorização da produção dos alunos).

AVALIAÇÃO: É importante observar e acompanhar:

* o envolvimento dos alunos nas propostas individual e coletiva, (e para isso eles devem estar cientes);

* construir propondo a troca de experiências, de materiais, o debate e a produção;

* a auto avaliação como instrumentos de avaliação da prática artística, o professor deve fazer intervenções quando necessário, se necessário;

* será observando todo o processo de criação e finalização dos trabalhos;

*Será considerado satisfatório o cumprimento dos itens mencionados, caso algum aluno tenha um desempenho mais lento o grupo o auxilia neste resgate.

Referências:

http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=13437

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=959

HERNANDEZ, Fernando. A Avaliação na Educação Artística- capítulo 7, disponível no ambiente.

PILLAR, Analice Dutra. Desenho e construção de conhecimento na criança. Porto Alegre, Artmed, 1996, disponível no ambiente.

Relato:

Foram momentos bastante significativos, pois entrei na sala de aula como se fosse a primeira vez, sabia que tinha um desafio, pois a turma tem características bem distintas. Mas talvez isso me encorajasse. O fato de propor algo onde eles se sentissem parte, e pudessem construir. No momento em que começamos a conversar, havia se encerrado a aula de ciências e foi a partir daí que comecei a elogiar seus trabalhos e conversar sobre o que eu pretendia. Lá na aula de ciências eles falavam sobre os estados físicos da água, aproveitei e falei dos tipos de tintas que usamos em artes, da aquarela, da importância da água, e fomos logo explanando nossos objetivos para as aulas, onde nós ao final iríamos avaliar se conseguimos alcançar. Falar em avaliação já dá para imaginar o tumulto.

Considero que foi muito gratificante e que realmente onde pensamos em planejar aula para uma diversidade as coisas fluem, mas se pensarmos que eu preparei uma aula maravilhosa e que a turma é toda igual terá dificuldades em aplicar meu plano. O planejamento deve ser pensado com o grupo, a partir desse grupo. O potencial existe independente das características do grupo, só precisam ser oportunizados. A observação conta muito, nesse processo.

A auto avaliação é um momento mágico onde eles analisam o colega relembram de alguma coisa do tipo:

-lembra, eu te emprestei material?

-eu te auxiliei enquanto a cola secava, depois fui fazer o meu trabalho...

-Você... Fulano, não fez o trabalho na primeira aula então só depois que viu nós fazendo é que começou e ficou legal, o teu ficou melhor...

Bem, estar em sala de aula nos engrandece nos mantém atualizado e em constante processo de lapidação

Arte contemporânea


A Arte contemporânea é uma constante de questionamentos, uma "problemática", dificil de interpretar,é a cara do mundo atual. Os artistas contemporâneos instigam, não facilitam as respostas e essa contextualização do cotidiano fica cada vez mais interessante, pois cada um tem a liberdade de ver de uma maneira, de realizar sua fruição e ampliar questionamentos muitas vezes inesperados. Além disso a contextualização hoje está extremamente em sintonia com a informatização, o que nos reforça a ideia de que a escola precisa ser contemporânea também.

PCNs em Artes

Os PCNs procuram fazer uma conexão entre algumas áreas das artes, mas nem sempre nossa compreensão é fácil. Para que possamos desenvolver um bom trabalho precisamos estar em constante formação, trabalhar com projetos interdisciplinar e realizar a contextualização dos mesmos.

Tendo os PCNs como norteador do nosso trabalho diário, é possível ampliar novas visões, novos olhares, resignificar através da contextualização, as Artes Visuais, principalmente a arte contemporãnea. Para isso necessitamos de planejamento e projetos que viabilizem as aulas onde a leitura, a interpretação a releitura e o potencial do aluno, inclusive com o uso das tecnologias, sejam levados em conta.


Relatos dos professores

Arte Viva
David de Andrade
Escolhi este pois foi também um dos meus desafios quando comecei trabalhar com Artes Visuais.
Entendo quando o David fala da desmotivação dos alunos pelas aulas de arte e a mudança
começa quando a arte passa a ter sentido. É assim conosco também se ha algo sem sentido
procuramos significados e sentidos para que haja uma importância maior. Ele buscou mecanismos
para trabalhar realmente Arte. Relacionou as obras ao contexto histórico, ao artista, sensibilizou,
trabalhou com os diferentes estilos e as possibilidades que o mundo tecnológico trouxeram
também para a Arte.

Situação de Aprendizagem

Ideia inicial para uma situação de aprendizagem em artes visuais a partir de uma obra contemporânea.

Objetivo: Rever e contextualizar as imagens, a partir da digitalização, propondo uma nova comunicação visual e poética pessoal.

A proposta partiria da apresentação de três imagens (ao invés de uma), aos alunos que trabalhariam em duplas e apropriaram-se dos recursos digitais um auxiliando o outro.

Obras: Operários de Tarsila do Amaral

Casa Monstro de Henrique de Oliveira da 7ª Bienal do MERCOSUL

Exposição no Castelo de Versalhes de Xavier Veilhan- 2009

Realização de uma espécie de seminário para discutir o que foi realizado e o que poderia ter sido acrescentado.

Depois de tratar as imagens de obras contemporâneas, cada um escolhe uma para ser impressa e exposta numa espécie de galeria na escola, onde falarão para os visitantes as modificações realizadas: explicar que processo foi aplicado sobre a imagem original, para obter tal resultado, ou seja, o re-significado e a nova linguagem que estes propõem.

Recursos: Sala de informática; imagens da web; picasa e impressora.

Avaliação: Será considerado satisfatório todo o trabalho daquele aluno que demostrar criatividade no desenvolvimento da proposta a partir do momento em que discute troca e ensina saberes com o colega de dupla, além da discussão sobre o resultado e da desenvoltura na exposição frente a perguntas que surgirão.