domingo, 24 de junho de 2012

Pina, o filme. Resenha O filme Pina é praticamente um documentário em forma de memorial, muito bem elaborado onde mescla dança e teatro baseado no trabalho da coreógrafa alemã Pina Bausch. Valoriza com detalhes formas e cores: cenário e artistas. Os dançarinos da cidade de Wuppertal e arredores estreiam o espetáculo, em 3D, por serem da terra de Pina local que ela tinha profundo respeito e que considerava sua fonte de inspiração. É dirigido por Wim Wenders que resolveu levar o filme adiante mesmo com a morte de Pina em 2009, como forma de homenageá-la. Os íntimos da dança contemporânea ao assistir o filme, contemplam um espetáculo. O filme encanta com o show de danças musicalizadas e encenadas através de diferentes coreografias, que sensibiliza qualquer um para a arte cinematográfica. Não há expressão verbal, mas a comunicação ocorre através da expressão corporal. O que chama muito a atenção é a preocupação do diretor em preservar algo digno de Pina que é a interação entre seres humanos, suas emoções e a harmonia entre os quatro elementos da natureza. Como se os números já não fossem suficientemente maravilhosos, Wim Wenders planejou o filme onde fosse além do cenário com padrões tradicionais, ou seja, fosse além do palco ao ser apresentado em locações externas. Toda vez que o diretor quebra a sequencia do filme através do depoimento dos dançarinos, quebra também a interação do espetáculo com o público, fato este muito questionado pela crítica e para uma parcela de público que não estava inteirado com o propósito do diretor, além de ser um filme para classe média/alta que tem acesso a Vale lembrar que o trabalho de Pina baseava-se muito no cotidiano dos dançarinos. Acredito que não só importa o potencial do espetáculo visual das danças, mas também a ideia de como a dança de Pina era tridimensional no sentido de poder alcançar níveis vários e intensos na sensibilidade humana. Quando as palavras não dão conta ai entra a dança e o filme Pina confirma isso. A tecnologia 3D foi utilizada para aumentar a noção de espaço – fundamental à dança, dando profundidade aos palcos e outros cenários, fornecendo uma impressão de espaço infinito, de um palco que se estende para muito além da projeção e para dar conta da característica sensorial do trabalho bailarina. Os dançarinos se movem sobre solos que não terminam nunca, com texturas como terra e água - elementos naturais que permeiam a obra da artista, saindo do espaço quadrado das telas, tornando-se “acessíveis” ao público.